Você se Lembra?

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quarta-feira, 9 de maio de 2012

Fábricas de Pólvora

Em 1901, o cidadão português recém-chegado a Santarém José Bernardo Pereira tomou por arrendamento o sítio “Boa Esperança”, localizados nos subúrbios ao sul da cidade e de propriedades de Carmelino Rodrigues dos Santos, pai do escritor destas linhas. Ali pretendia construir uma fábrica de pólvora utilizando a força hidráulica do igarapé Irurá, que cortava o referido terreno. Efetuado o contrato a 26 de setembro de 1901, meteu logo mãos à obra e dentro de alguns meses estava a Fábrica de Pólvora FORTALEZA em pleno funcionamento, cujo produto de excelente qualidade entrou vitoriosamente no comércio, ao ponto de, poucos anos depois, constituir-se em sério concorrente, sobretudo na Amazônia, à conhecida pólvora ELEFANTE, de poderosa empresa pernambucana, que então dominava na região.

Abriu-se, então, uma guerra de ELEFANTE contra a FORTALEZA, a qual era óbvio, não pode resistir a desigual competição e teve de entregar os pontos, inclusive, segundo se propalava na época, sob a pressão de elementos locais influentes na política...

Nesse ínterim o chefe da FORTALEZA, José Bernardo Pereira, foi assassinado a tiro de rifle, (1906) quando almoçava em sua própria casa à rua Benjamim Constante em Santarém, sendo o criminoso um ex-empregado da firma.

A empresa pernambucana adquiriu o acervo de sua rival e, quando os ingênuos mocorongos esperavam novos aumentos de incentivos para sua pólvora os mauricianos mandaram demolir a aparelhagem hidráulica, retiraram algum material que lhes servia, despediram os operários e entregaram o terreno ao proprietário!...

Anos depois, o industrial santarense Raimundo de Andrade Figueira, aproveitando alguns operários habilitados estabeleceu outra fábrica no mesmo local com o sugestivo nome de pólvora LEÃO, talvez com a pretensão de competir com a ELEFANTE.

A LEÃO durou alguns anos bem difíceis. O seu produto, por falta de técnico especializado, era de inferior qualidade, Dave muita fumaça e resíduos. E a fábrica encerrou suas atividades.
E assim morreu uma indústria da qual muito esperavam os santarenos.


Fonte: Livro Tupaiulândia

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