Você se Lembra?

Você se Lembra?

domingo, 5 de fevereiro de 2023

"Nova Olinda Hotel"


Mas somente aquí os senhores hóspedes desfrutam do privilégio de ficar debruçados sobre as formosuras do Tapajós. O rio, com sua beleza fascinante, corre, azul e sereno, a dez metros de um original terraço. 
Imagine: um saboroso papo molhado... violões romantizando a noite bonita... o ventinho tapajônico fazendo esquecer nossas disputadas ventarolas de patchuli..
E mais: Nova Olinda Hotel oferece ar condicionado e um primoroso serviço que cativa a quantos o preferem, sabendo que nada lhes faltará no mais simpático e hospitaleiro hotel de Santarém.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Antiga praia da Vera Paz, 1993



PRAIA ROUBADA - No antigo Inventário de praias de Santarém, ela estava lá. Esse fato faz lembrar o poeta russo MAIOKOVSK em seu frágil poema de alerta: "...vem o ladrão pisa as flores do seu jardim e tu não dizes nada. Na noite seguinte invade tua casa, mata teu cão e não dizes nada. Finalmente, no terceiro dia, ele rápta teus filhos e não dizes nada. Por isso, não terás direito a dizer mais nada."

Foto: Ricardo Lima 

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Navios da Frota Branca (SNAPP, ENASA) Navio Leopoldo perez

O Jornal - sexta-feira, 9 de Abril de 1954

Estão sendo construído em estaleiro da Holanda 12 navios que se destinam a renovar a frota mercante que serve á Amazônia, sob responsabilidade da SNAPP. A primeira dessas unidades será lançada no tráfego, entre julho a agosto do decorrente ano. Em contato com a reportagem, o comandante Edir Carvalho Rocha diretor geral do órgão em apreço, informou que, dos navios que estão sendo construído, um terá 1.300 toneladas e se destina á linha Belém, Mosqueiro e Soure, na ilha do Marajó.

Esse navio, que será batizado com o nome de "Presidente vargas ", é um dos mais modernos do mundo, equipado com dois motores "Sulzer", de 1450 cavalos cada um é desenvolver a velocidade de 21 milhas. Transportando 750 passageiros em poltrona tipo "Pullman" e possui um bar-restaurante com ar condicionado. Os porões estão preparados para transportar caminhões e pequenos tratores, objetivando-se o desenvolvimento da lavoura na  ilha do Marajó. 

Finalmente, trata-se de uma embarcação aparelhada para transportar com toda segurança e conforto, os passageiros de Belém a Mosqueiro em 50 minutos, e de Belém a Soure, em 3 horas. O "Presidente vargas " entrará em tráfego em setembro outubro próximo. 

O segundo tipo de embarcação é de 1.500 toneladas, e em número de quatro. 








A primeira da série, que recebeu o nome de "Leopoldo Perez" em homenagem ao deputado amazonense já falecido, deverá entrar em tráfego no próximo mês de julho ou, o mais tardar,  em princípio de agosto. As embarcações desse tipo terão motor de 1.200 cavalos de força e desenvolverão a velocidade de 13 milhas e meia. Foram cuidadosamente projetadas, tendo em  vista as condições amazônicas, tanto de clima como de navegabilidade das vias fluviais, e as especiais condições locais.  Nessas embarcações do tipo "Leopoldo Perez", não transportaremos mais gado em pé,  para o consumo da tripulação e dos passageiros, pois todas elas dispõem de ótimos frigoríficos.

Fotos inéditas do Navio Leopoldo Perez no estaleiro da Holanda. 

domingo, 24 de abril de 2022

As Parteiras de Santarém

Nas décadas de 1940 a 1960, no Brasil, o Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) dedicou particular atenção à realização de programas de higiene pré-natal e da criança, com a finalidade de auxiliar o trabalho de parteiras em comunidades rurais de todo o país. Para compreender melhor como se deu esse processo de tentativa de organização de serviços de partos em domicílio, a pesquisadora Tânia de Almeida Silva, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), e o historiador Luiz Otávio Ferreira, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), resolveram investigar registros históricos das ações de treinamento e controle de parteiras curiosas promovidas pelo Sesp. O estudo foi publicado em artigo publicado na revista História, Ciências, Saúde - Manguinhos da Fiocruz.



"Para os sanitaristas, o treinamento e controle das parteiras curiosas atuantes nas comunidades rurais brasileiras eram importantes para o sucesso do projeto de implantação de serviços sanitários locais de assistência materno-infantil”, explicam os pesquisadores. “Ao atuar diretamente junto às parteiras curiosas, pretendia-se não somente lhe impor rigorosos padrões higiênicos na realização de partos e nos cuidados com recém-nascidos, mas, sobretudo, recorrer a sua influência e seu prestígio naquelas comunidades para popularizar ações de saneamento”.

De acordo com os estudiosos, as equipes de ensino do Sesp eram, em geral, formadas por dois tipos de profissionais: uma enfermeira e um médico. Os treinamentos incluíam demonstrações práticas, debate em grupo, exibição de filmes e observação de atendimentos. A frequência regular às sessões de instrução e o bom desempenho nas aulas garantiam como bônus, inclusive, a obtenção de uma bolsa com material esterilizado voltado para cuidados no parto. Após o curso, as parteiras passavam a ser vinculadas a uma unidade de saúde e ficavam sob supervisão  contínua. 


Na verdade, as parteiras, mesmo depois de treinadas, continuavam a atuar como praticantes de um ofício popular de cura, típico do estilo de vida das pequenas comunidades interioranas”, comentam os pesquisadores. Essa resistência constituía um obstáculo, pois a não adesão às práticas ensinadas era vista como prejudicial à saúde da mãe e do bebê. “Atribuía-se à cultura popular, considerada fonte de ‘ignorância e maus hábitos’, a responsabilidade pelos problemas de saúde do povo. Supunha-se que a educação sanitária, como pratica técnica e científica voltada para a disseminação de valores e hábitos higiênicos, fosse capaz de transformar os costumes das populações melhorando sua qualidade de vida e saúde”, comentam os estudiosos.
Um dos mais criticados tratamentos efetuados pelas parteiras era unção do coto umbilical do recém-nascido com cinzas obtidas de um preparado à base de ervas. “O apego das parteiras a esse tipo de prática, fundamentado em crenças e tradições populares, era constantemente combatido pelos profissionais sanitários, durantes os encontros para fins educativos oferecidos às curiosas”, destacam os pesquisadores. Outro exemplo de conflito tinha relação com a posição adotada pela mãe no momento do nascimento. “Para a ciência obstétrica, a mulher deveria estar em posição horizontal, deitada de costas na cama, ao passo que, de acordo com o conhecimento da parteira, a parturiente deveria estar em posição vertical, sentada num banco ou cadeira apropriada à situação”.

Os estudiosos ainda apontam que, para ganhar a confiança das parteiras, era necessário aos sanitaristas conhecer seu sistema de crenças e práticas para somente depois modifica-lo segundo seus próprios padrões. “Naquele contexto, as curiosas eram vistas como um grupo social que estorvava o caminho das ações sanitárias. Não obstante, não deveriam ser combatidas frontalmente, e sim convertidas em aliadas para que, na medida do possível, a instituição usufruísse de seu prestígio e sua influência junto às comunidades. Com isso, pretendia-se viabilizar a educação sanitária das populações rurais do país e, ao mesmo tempo, transformar sua tradicional prestação de cuidados em saúde numa ação sanitária, o que não deixa de significar um modo de exercer controle sobre o grupo”, concluem os pesquisadores.

Cartão postal de Santarém, 1968